segunda-feira, 20 de abril de 2015

XXXI- Preconceitos

Certa vez uma amiga da minha irmã chegou em casa e começou a observar o gato, que estava na dele estirado no tapete. Verão carioca e o bichinho aproveitava o vento que vinha exatamente abaixo do ventilador. E, depois de um tempo ela solta:

- Nossa, tenho medo de gatos. São traiçoeiros. Não podemos confiar neles.

E minha mãe, como a típica dona de bicho já soltou: traiçoeiro é o ser humano. Tenho mais medo de gente do que de um bichinho desses. E tomou birra da garota.

Engraçado que sempre gostei de gatos. Em princípio eles eram, quando criança, uma alternativa ao meu medo de cachorros (que guardo de certa forma até hoje). E com o tempo fui me afeiçoando a eles.

O Rafael já apareceu na minha vida quando já estava no começo da vida adulta, bem como a irmã dele, a Catarina. E sim, percebi que eles têm aquele jeito mesmo de ficar na deles, mas sempre observei o quanto eles queriam ficar perto da gente e no quanto miavam quando alguém saía de casa.

A Catarina em especial sempre foi mais apegada comigo. Ela sabia exatamente a hora que eu acordava, mesmo sem eu me levantar da cama e com a porta do quarto fechada.  E assim foram 14 anos felizes com ela, que morreu há quase dois anos. Rafael acaba de completar 16 anos.

Interessante que ao conviver com eles fui percebendo aos poucos como eles são. Me desfiz também de certas ideias sobre eles e vi o quanto eles podem ser também apegados, como eles miam para chamar a atenção e tudo o mais. A convivẽncia, o tempo e a observação do comportamento deles permitiu que uma série de coisas fossem percebidas. Coisas que eu não tinha reparado antes.

Usei o mote dos meus gatos para perceber o quanto por vezes sou chato com determinadas coisas. Que por vezes, assim como a amiga da minha irmã, eu tomo bronca sem ter dado a oportunidade de entender um pouco mais.

Claro que não quero cair num relativismo absurdo. Cada um tem seus limites. A pergunta é: até quando isso se torna uma impossibilidade de descobrir o novo e, em caso mais extremos, até que ponto ideias pré concebidas acaba nos tornando violentos, desprezando o que não está dentro da nossa lista de coisas que consideramos certas, bonitinhas e tudo o mais?

Obviamente não estou aqui fazendo um texto para discutir preconceito e discriminação na ordem social (machismo/misoginia, racismo, lgbtfobia) tão na ordem do dia das redes sociais e que mexem comigo também. Estou falando de questões mais internas, aparentemente banais, que no fundo devem ter relações com esses outros grandes temas que mencionei anteriormente. Enfim, para esses dias de auto análise, esse é um ponto que não posso deixar de fora.

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