sábado, 11 de abril de 2015

XXII- Discrição

"Bicha não pode dar pinta". "Lésbica tem que ser feminina". "Mulher que se dá ao respeito não coloca roupa curta". "Negro não pode gritar, senão é barraqueiro, tem que saber o seu lugar". Tantas coisas que se escuta para esses e tantos outros grupos segregados de poder.

Tenho um amigo que quando ele vai falar das qualidades que ele apresenta de um homem que ele se relaciona ele diz "fulano é discreto". Como se fosse algo de valor, algo obrigatoriamente positivo.

Cada um tem o direito de seguir a vida como quer, respeitando as liberdades alheias. Fato. No entanto não consigo deixar de ver essa fala como problemática, dada a forma como esse amigo se relaciona com outras pessoas em outros contextos.

Suas redes sociais são lotadas de fotos, festas e tantas outras coisas. Todo dia de manhã tem uma mensagem positiva de bom dia para todo mundo. Não vejo esse comportamento como algo "discreto".

O mais engraçado: seu atual marido passa longe, mas muito longe dessa convenção heteronormativa do "discreto".

Wilde dizia que se queremos conhecer alguém, deveríamos dar-lhe uma máscara. Talvez nesse sentido a discrição vira, de fato, uma descrição de algo importante daquilo que a pessoa tenta tanto esconder.

Nesses trinta e sete dias cabe uma reflexão para mim mesmo: quais as minhas dxscrxções?


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